sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Aninha virou Anita - Celso Martins

Admirada no Brasil e idolatrada na Itália, onde morreu há exatos 160 anos, a jovem lagunense Ana Maria de Jesus Ribeiro, conhecida como Aninha do Bentão, uniu-se a um revolucionário, foi soldado, enfermeira, esposa e mãe. Em todos os papéis, sua batalha sempre foi travada em nome da liberdade e da justiça. Tornou-se assim Anita Garibaldi, a "Heroína dos Dois Mundos".
Neste dia 4 de agosto, a Fundação Lagunense de Cultura, irá prestar homenagens, aos pés da estátua da heroína, na Praça República Juliana, às 10h.

Hoje, o município é conhecido mundialmente por ser a terra de Anita. Todos os anos, milhares de pessoas visitam a cidade em busca das histórias, uma forma de chegar mais perto da lagunense.

Uma grande paixão arrastou Aninha de Laguna. Ela seguiu Garibaldi, a quem conheceu em 1839, vivendo um romance que durou até a sua morte, dez anos depois, em 4 de agosto de 1849, em Mandriole, Itália, grávida do quinto filho.

Aninha começou a virar Anita quando Garibaldi a conduziu triunfalmente por meia Itália para o túmulo em Nice. Hoje, Anita está enterrada em Roma.

Garibaldi divulgou a bravura militar nas batalhas de Imbituba e da Barra, a fuga espetacular na serra catarinense e na pequena São Simão gaúcha, a dedicação como mãe e sobretudo o profundo amor pelo marido, fatores que a transformaram em mito.

Anita foi símbolo da Unificação Italiana. Seu nome foi "glorificado" para servir aos interesses do posivitivismo após a proclamação da República no Brasil.
Foi através das "Memórias" de Garibaldi, ditadas a Alexandre Dumas em 1882, que o público ficou sabendo dos detalhes da vida de Anita Garibaldi.

Antes mesmo da sua tradução integral para o português, os principais trechos já apareciam nos periódicos brasileiros. Aliado a isso, havia a presença de muitos garibaldinos entre os imigrantes italianos, alguns ex-combatentes da Unificação, chegados em massa a partir de 1875.

As lojas maçônicas, e em especial o círculo positivista que deu sustentação ideológica à República recém-implantada, buscavam heróis para a nova ordem.

A pequena cidade de Ravena, situada entre Roma e Veneza, próxima da costa do mar Adriático, foi onde Anita morreu em 4 de agosto de 1849.

É em toda a região que a comunidade procura preservar sua imagem, seja na Igreja de São Clemente - onde foi enterrada em dois locais diferentes (no cemitério e depois na sacristia da Igreja, por medida de segurança) -, no casarão onde faleceu e em logradouros públicos que levam seu nome.

A ação dos imigrantes de origem italiana foi decisiva para a consolidação do nome de Anita como heroína no Brasil. No início do século foi formado o Comitê de Roma, destinado ao erguimento de uma estátua de Anita na capital italiana, na passagem dos cem anos do nascimento de Giuseppe Garibaldi, em 22 de julho de 1907.

Na ocasião, o imigrante Giuseppe Caruso Mac Donald, estabelecido na cidade de Urussanga, no Sul de Santa Catarina, passou a ser seu representante brasileiro.

Gustavo Lebon Régis, nascido em 1874 em Parati - hoje Araquari, no Nordeste do Estado - ficou encarregado das atividades em Santa Catarina.

No final de agosto de 1906 surge no Rio de Janeiro uma comissão para a estátua de Anita Garibaldi, fazendo parte, entre outros, Donato Mello, Heitor Blum, Alfredo Richard, Eugênio Taulois, Henrique Richard, Luiz Drummond Alves e Elizeu Júnior.

Anita só ganhou uma estátua em sua terra natal 115 anos após a morte, resultado dos esforços de um grupo que batalhou 14 anos para concretizar o objetivo. A inauguração ocorreu em setembro de 1964.

Edificações guardam informações preciosas

O prédio onde funciona o Museu Anita Garibaldi foi construído em dois momentos distintos. A parte mais baixa, ao Sul, começou a ser erguida em 1747 para servir de Casa de Câmara (piso superior) e cadeia (inferior), em cuja sacada foi proclamada em 1839 a República Catarinense. A ampliação ocorreu por volta de 1860.

Em 5 de março de 1954 o imóvel foi tombado pelo patrimônio histórico e artístico nacional, sendo um dos relatores do processo o poeta Carlos Drummond de Andrade. O antigo Paço do Conselho serviu de alojamento para as tropas de Gumercindo Saraiva na Revolução de 1893-94, abrigou a Prefeitura, Biblioteca, Tiro de Guerra e Tribunal do Júri.

O primeiro Museu Histórico de Laguna foi inaugurado em 31 de julho de 1949, durante a "Semana de Anita", organizada para marcar os cem anos de sua morte.

Museu

O Museu Anita Garibaldi foi criado sete anos mais tarde, através da lei número 222, aprovada pela Câmara e sancionada pelo prefeito Walmor de Oliveira.

Ao comemorar o primeiro ano de funcionamento o museu já havia recebido 10.996 visitantes.

Casa

A edificação da Casa de Anita, ao lado da Igreja Matriz, foi erguida em 1711. Nesse local, segundo Saul Ulysséa, Anita vestiu-se para o primeiro casamento e nele realizou uma pequena comemoração, em 30 de agosto de 1835.

Pertencia na época ao professor Anacleto Mendes Braga, solteiro, que vivia com a irmã, Ana Mendes Braga, dedicada ao aluguel de vestidos para casamentos e roupas para anjinhos de procissão, além de calçados e véus.

Em 1912, com entrada pela rua Oswaldo Cabral (antiga rua da Praia), ali funcionou importante estabelecimento comercial. Em 1917 foi transformada em prostíbulo, até 1930, quando voltou a sediar casa de comércio, até ser fechada.

Na década de 1970 foi desapropriada pelo ex-governador Colombo Salles e adaptada ao funcionamento de um museu, reunindo objetos e documentos relacionados com Garibaldi e Anita. Móveis, retratos, moedas e medalhas e o mastro do famoso Seival podem ser vistos no local.

O prédio foi tombado pelo patrimônio histórico nacional através do decreto número 17, de 4 de outubro de 1978. Atualmente passa por obras de restauração.


Municípios são homenagem

Em 1961, durante a gestão do governador Celso Ramos, foram criados dois municípios cujas denominações lembram a heroína: Anita Garibaldi, distrito desmembrado de Lages, e Anitápolis, emancipado de Santo Amaro da Imperatriz.

Comenda

A comenda mais importante existente em Santa Catarina leva o nome de Anita Garibaldi, criada pelo ex-governador Colombo Machado Salles, através do decreto número 110, de 4 de abril de 1972, com versões em ouro, prata e bronze.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

"As Pedras não morrem" - Mirian Mambrini




Após juntar um bom dinheiro, Gabriel, busca um brechó de computadores para adquirir a sua máquina.
A partir do seu antiquíssimo XT ele descobre o diário "Máscara" de Irene, uma jovem sensível e introspectiva, que se vê na batalha de descobrir coisas sobre a sua avó da qual ela adquiriu o nome, a beleza...a alma. Gabriel, então, sente que ele e Irene tem traços incomuns, e, assim, resolve conhecê-la pessoalmente. A mulher que fascinou-lhe através da leitura do seu diário misterioso. Uma Irene frágil, escondida nos mistérios que circunda a máscara mortuária da sua avó paterna, encontrada no fundo do baú do escritório do seu falecido pai.
Conduzido pelo diário, o fio da trama é cheio de mistérios.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Poesia Marginal

Ou geração mimeógrafo foi um movimento, sociocultural brasileiro que ocorreu durante a década de 1970, em função da censura imposta pela ditadura militar.
Isso levou intelectuais, professores universitários, poetas e artistas em geral, em todo o país, a buscarem meios alternativos, notadamente o mimeógrafo, tecnologia mais acessível na época. Da tecnologia mais usada vem o seu nome.

A poesia marginal foi uma prática poética marcada pelo artesanal, por poetas que queriam se expressar livremente em época de ditadura, buscando caminhos alternativos para distribuir poesia e revelar novas vozes poéticas. A poesia foi levada para as ruas, praças e bares como alternativa de publicação, alternativa que estivesse longe do alvo da censura.

Tudo era considerado suporte para a expressão e impressão das poesias, fosse um folheto, uma camiseta, xerox, apresentações em calçadas, etc. Sua produção literária não foi aceita por grandes editoras, pelo menos até 1975, quando a editora Brasiliense publicou o livro "26 Poetas Hoje“.

Principais autores:

Os poetas mais marcantes foram Ana Cristina César, Paulo Leminski, Ricardo Carvalho Duarte (Chacal), Francisco Alvim e Cacaso.


Cacaso: 

Antônio Carlos de Brito (1944-1987), foi um professor universitário, letrista e poeta brasileiro.


JOGOS FLORAIS


Minha terra tem palmeiras
onde canta o tico-tico.
Enquanto isso o sabiá
vive comendo o meu fubá.


Ficou moderno o Brasil
ficou moderno o milagre:
a água já não vira vinho,
vira direto vinagre.